Nuvens invisíveis. A poética da latência e da nuance no conto “Nenhum, Nenhuma” de João Guimarães Rosa
DOI:
https://doi.org/10.21471/jls.v9i0.97Keywords:
Primeiras estórias, latência, nuanceAbstract
Este texto propõe os conceitos “latência” e “nuance” para descrever o efeito de suspensão criado pela cção de João Guimarães Rosa. No primeiro momento, definem-se
os termos “latência” e “nuance” em relação à imagem das nuvens. Como matéria em suspenso sempre mutável, é impossível inscrever o movimento das nuvens em uma forma fixa,
a não ser que se crie uma escrita latente, apta a captar a nuance das formas em morfose.
Em seguida, analisa-se o conto “Nenhum, Nenhuma”, de Primeiras Estórias (1962), como uma pequena obra-prima da latência, mostrando que passado, presente e futuro se materializam simultaneamente na imagem enigmática que se busca entender: “nuvens são para não serem vistas;” imagem que parece delinear o inconsciente de uma sensibilidade estética pós-1945.